Chove, choras tu, eu e o mundo, chove, chora o mundo de mim,
o mundo de ti e o nosso mundo, chove.
Sinto-nos o fim menos distante, pois chove em nós granizo em
abundância e mesmo assim permitimos que ele nos golpeie a alma e nos cause perturbações
na harmonia dos nossos corpos, mas ainda assim consigo, não se dissipou:
olho-te e vejo-te. No entanto é excessivo, continua a chover e a trovoada
segue-a quase que em ritmos melodiosos, quase que criam uma rima ou uma dança
que se envolve e viaja no vento, esquecendo-se e esquecendo-nos. Há escassez de
paixão então, há chuva de lágrimas hoje e veio para ficar. Há sapatos que não
ficam secos, estradas encharcadas da tua transparência e pequenas flores de
inverno, aquelas que espreitam através do solo a medo, a flutuar no seu próprio
respirar. No rebordo da luz: olho-te e vejo-te, contornando-a.
Foge fim que te aproximaste! Foge e leva contigo todo o
temporal que não deixa as minhas pálpebras fecharem; elas pesam, elas estão
encharcadas de ti, elas, pálpebras delicadas e com manchas em si, estão
intumescidas e húmidas. Será que neste instante já só te olho?
Enfim, já se me rasgaram os trajes da minha alma, estou nua
e em mim há fraqueza, há fraqueza que confesso e que confessei. Será que nos
ira nevar um dia?
Júpiter