9.2.14

Inverno de mim

Perdi a noção. Perdi-me a noção. Perdi a noção de mim e nem sei onde foi, só sei que sei que não estou a viver nem a existir, há flores, lá fora, que sobrevivem mais facilmente ao Inverno que eu: enquanto morrem várias vezes, eu me deixo afogar nele e em mim.
Além disso e antes de mais: vazio. Eu não me consigo perceber, nem consigo perceber o que se passa comigo; Há, há quem sem sossego invoque o desabafo, procuro dentro de mim o que desabafar, mas nada encontro, sou um labirinto, sou a rua sem saída que temo, temo-me portanto. Há, há dentro de mim o desconhecido então. Perdi-me. Cai. Vazio. Vazio. Já é difícil ser, quanto mais ser com saudades de nós mesmos. Já nem somos, já nem podemos ser. Vazio.
Flor? Flor? Onde andas e por onde andas? Só te quero falar...Não há nada de nada em nada e por isso mesmo, mesmo por isso é que é nada o que se ouve quando grito. Flor, ensina-me a morrer.