Não há Sol, sabemos que o tempo caiu, já não existe mais. Sabemos
tu e eu, aquele que voa e a erva que nasce. Agora não há, desinstalou-se e o
que há dança entre nós sem que o sintamos, não nos permite pensar, é e em
abraços prende-se a nós porque tem que ser. Não há Sol.
As folhas já não caem em deslizes de calmaria por entre dias
monótonos, dias com fins de tarde, dias de leituras no jardim, mas sim hoje, hoje
a chuva apegou-se-lhe, fundindo-se folha e água, queda e poça, Outono e
Inverno.
Pode-se desabafar então que há muito se haverá perdido a
continuidade, café não cheio por ai: caminhos com pedras sobrepostas uma por
uma debaixo de pedaladas, pés e rodas, mar já com ondulação avivada, videiras
prontas a expedirem uvas em restos de chuva, alças por debaixo de casacos com
cheiro a mofo, com cheiro a quente, a abafo pegajoso. Não há mais, perdeu-se as
estações. Perdeu-se a continuidade, café não cheio por ai.
Os pássaros já não sabem se ficam, se vão, a flora já não
sabe quando expelir e, na verdade, já não sabe não de que tempo faz parte, ele
não a chama, desapaixonou-se, deixou-a só.
Ohh! Descobri, bailamos em andanças inconstantes, dançamos
sem experiência, acabou-se o decorar, há instinto, mas não estagne, sobreviva.
Júpiter