Estou só, sempre estarei só, mesmo que rodeada por muito,
com muito e de muito.
Há em mim uma ideia de alma natural, alma que escorre mares
pelos olhos, que transpira pequena neve pelos poros, que se encaixa
perfeitamente no esmorecer de uma folha. Há em mim uma ideia de cabelos feitos
de raízes, há em mim e tu consegues ver, só eu é que não. Poderei dizer que não
me sinto então, há vidro opaco nos meus olhos, mas que não existe nos teus, não
me permite ver a paisagem, vislumbra-la e deixar-me sentir
o que de mim existe por ali e aqui. Lá também. Em mim na verdade.
Ajuda-me, quero ver as montanhas rochosas que consigo
encovar em minhas costas, quero ver as areias que se movem pelos meus pelos e
os fazem perder a timidez, quero ver o que vês nos meus olhos.
Júpiter