4.9.13

O meu ser de ti


Sou muita coisa, muitos tempos, velhos e novos. Sou muitos espaços. Sou a chuva que cai e o sol que se põe. Sou o passado e a ânsia do futuro. Sou tudo e nada. Sou ser errado, mas creio que tudo errado somado dá certo e às vezes tudo certo é o errado sem estima. Sou as palavras proferidas e a falta delas. Sou o espaço que existe entre nós e aquilo que nos une. Sou feita de ti e do gosto que tenho por ti.
Sou a saudade, a tua e a minha e ter saudade é comprovar que houve passados que permaneceram em nossos corpos e perfuraram as nossas memórias, não se expiraram, valeram de nós e a pena. Sou a medida do presente e sou ser que sei de cor os nossos tempos e as notas que soam deles. Sou a vontade e a perda, unidas, para que haja um intermédio. Sou-te vestida de mim e ser-te e mais do que ser.
Sê junto comigo e faz, junto de mim, com que as flores resplandeçam num futuro próximo, com que o mar se eternize em ondas que vão e voltam, mas sobretudo sê junto de mim para que junto comigo sejamos muita coisa, muitos tempos: velhos, novos e imortais.
Júpiter