Constantemente perguntas-me porque que foi em mim. Mas em mim foi e
eu aceito esse ato de bom grado. Dá-me a mão, entre-põe os teus dedos nos meus,
abafa o calor dos meus poros, deixa, entre minutos, a água se instalar entre as
de linhas existentes nas nossas palmas unidas e aceita-o comigo.
Foi, foi em mim que o mar sumptuoso se elevou, que a beleza
do vento se constatou, que o chilrear dos pássaros se desnudou, que o grito do
natural se congelou, foi, foi em mim e eu percebo que te perguntes porquê; Eu,
tal qual tu: imperfeita e desleal ao mundo, desentendo a ligação que lhe tenho,
ao ambiente natural, mas confia na camada mais pura das minhas palavras, não te
minto, tenho-lha e mais que ao próprio mim.
Deixa-te de perguntar, vê e somente sente, se sentires o que
eu sinto viveras no ditongo da palavra. Eu, eu resido nele e é por isso que
vivo nas salgadas ondas do vento, no cheiro calafrio da chuva e no som amarelo
das flores que povoam o campo verdejante pelo qual os meus pés refinam ao toque.
Eu duro pelo pólen, esqueço pelas gotas do orvalho, dormito pelas ervas
enlameadas, sonho entre a cor do vento e vivo por entre os retalhos
da floresta, porque é lá, é lá que sinto o bafo da minha respiração.