15.8.12

Foi em mim, em mim foi


Constantemente perguntas-me porque que foi em mim. Mas em mim foi e eu aceito esse ato de bom grado. Dá-me a mão, entre-põe os teus dedos nos meus, abafa o calor dos meus poros, deixa, entre minutos, a água se instalar entre as de linhas existentes nas nossas palmas unidas e aceita-o comigo.
Foi, foi em mim que o mar sumptuoso se elevou, que a beleza do vento se constatou, que o chilrear dos pássaros se desnudou, que o grito do natural se congelou, foi, foi em mim e eu percebo que te perguntes porquê; Eu, tal qual tu: imperfeita e desleal ao mundo, desentendo a ligação que lhe tenho, ao ambiente natural, mas confia na camada mais pura das minhas palavras, não te minto, tenho-lha e mais que ao próprio mim. 
Deixa-te de perguntar, vê e somente sente, se sentires o que eu sinto viveras no ditongo da palavra. Eu, eu resido nele e é por isso que vivo nas salgadas ondas do vento, no cheiro calafrio da chuva e no som amarelo das flores que povoam o campo verdejante pelo qual os meus pés refinam ao toque. Eu duro pelo pólen, esqueço pelas gotas do orvalho, dormito pelas ervas enlameadas, sonho entre a cor do vento e vivo por entre os retalhos da floresta, porque é lá, é lá que sinto o bafo da minha respiração.