Hoje o
mar está calmo, mas consegues escutar? Consegues sentir? Os dois ventos ali
andam, enlaçando-se nas ondas do mar como a planejar não fosse enigma, movendo
desconsolações como quem saca um riso sem ruido ao tempo.
Tu, vento
que comigo a planejas o mar, deixa perder-me na tua amizade, fazendo com que o
teu âmago me proteja, os teus ouvidos deixem em si hospedar as minhas palavras,
a tua boca alforrie frases que despertem a felicidade a volta do nosso afeto e
os teus braços se percam no alimento que os meus têm para com eles. És ser
conjugado na variedade de verbos, esvoaçando o infindável número de adjetivos e
com a capacidade de ser caracterizado por uma diversidade de nomes, portanto,
esquece as definições, não as obtenho, elas são como peixes no mar, embatem no
vento constantemente, e colidem comigo, admito, mas não encontro as que definem
com calma a confiança da trajetória das tuas linhas.
Ainda ali
estás, pelo menos assim te sinto, fluindo comigo por entre a transparência do
luar que já se reflete no mar, a insónia mimosa que todas as noites se delonga.
O luar aproxima-se, e a medida que ele se aproxima, o temeroso alcooliza a
minha alma e sabes, ele chegou, o luar deslavado acercou-se de mim, promovendo às estrelas o prémio de quebrarem o meu silêncio, escuta-me então.