11.3.12

Agarra a minha mão, não tenciono a tua doar, amigo

Não sei se futuramente me irei recordar de ti como tal, não sei se o lacrimal do tempo me permitirá percorrer o mundo a teu lado, não sei, a vida hoje oculta-me o horizonte prévio deixando-me assim, numa estância de soidade dele, sem o conhecer, mas atualmente, um significado exato ampara o meu índole, sorrir a teu lado é ter uma afável fortuna temendo perde-la, afeiçoado camarada. Pois sabes, sempre me rescenderá a sal, porque ao longo das doses de mar que embebedaram o meu olhar, camarada, descobri que o vento do meu coração, aquele que ainda aquece as veias tíbias que por ele se enleiam, afeiçoou-se a ti, coração despido nós dias de calor e incompleto nos dias de névoa. Fazes parte dos ventos mais agradáveis que naquele mar já cheirei; melífluas a minha força, alvitras a minha confiança e amparas-me e ladeias-me no mar que navego, esteja ele quebrado em porcelanas encurtadas por fendas capazes de te golpear, esteja ele tão remansado que o vestígio seja temido.  
Hoje o mar está calmo, mas consegues escutar? Consegues sentir? Os dois ventos ali andam, enlaçando-se nas ondas do mar como a planejar não fosse enigma, movendo desconsolações como quem saca um riso sem ruido ao tempo.

Tu, vento que comigo a planejas o mar, deixa perder-me na tua amizade, fazendo com que o teu âmago me proteja, os teus ouvidos deixem em si hospedar as minhas palavras, a tua boca alforrie frases que despertem a felicidade a volta do nosso afeto e os teus braços se percam no alimento que os meus têm para com eles. És ser conjugado na variedade de verbos, esvoaçando o infindável número de adjetivos e com a capacidade de ser caracterizado por uma diversidade de nomes, portanto, esquece as definições, não as obtenho, elas são como peixes no mar, embatem no vento constantemente, e colidem comigo, admito, mas não encontro as que definem com calma a confiança da trajetória das tuas linhas.

Ainda ali estás, pelo menos assim te sinto, fluindo comigo por entre a transparência do luar que já se reflete no mar, a insónia mimosa que todas as noites se delonga. O luar aproxima-se, e a medida que ele se aproxima, o temeroso alcooliza a minha alma e sabes, ele chegou, o luar deslavado acercou-se de mim, promovendo às estrelas o prémio de quebrarem o meu silêncio, escuta-me então.