16.3.12

Em tua memória


Hoje, pela manhã benevolente, que me enfatizava o espirito com os episódios do passado, acordei e apeteceu-me cheirar a luz do dia. Abri a janela e não consegui inalar o seu cheiro, senti-me então fraca e sem uma peça no puzzle do meu coração. Mas no seu entretanto, depois de olhar novamente as memórias da minha alma, alma esta que plana no mundo dos espinhos de ponta redonda e das espigas coloradas com pó de arroz cada vez que as vê cegamente, apercebi-me que a meu lado tenho a luz. E não preciso de ir a janela cheirar e tentar aproximar o meu ser de outras que contraponham a mágoa ao sorriso dialeto, aquela luz eternizará no meu coração, abafando-o de compaixão, sendo esta tão vultuosa que me envolva num lapise no companheirismo dos seus braços.
Após colocar os pés na rua e andando por esta de cabeça curvada, reparei que uma das ruas por onde passava o chão se cobria de rosas. Estas estavam caídas como se o tempo as perde-se e o sol as queima-se, deixando-as inexistentes ao som do vento, que por mim ainda se extrapassava, mas por elas passava-lhes ao lado, como se noutros tempos a alma lhes tivesse sido roubada.
Olhei-as comovida, porque apesar de todo o sofrimento que outrora passaram, havia duas, duas que a atenção do meu olhar despertaram. Estas, entrelaçadas entre si, não deixavam que o vento que as quebrou e as penetrou no caminho da dor as desunisse. Eu sabia que elas estavam extintas e desatualizadas do rumo do mundo, mas senti um apego por elas, a sua cegueira era de vida mas não parecia de alma, pois mesmo depois de os pés da badalada diária se terem sobreposto sobre estas, elas ainda tinham cor, e as outras, as outras eram apenas uma mancha basa no chão.  Foi então que uma lágrima me chegou a cada um dos olhos, pois em tua memória eu digo: tu és a luz, e a nossa amizade, a nossa amizade é a cor refletida nas rosas, amizade esta que se encontrará viva depois de os nossos corpos se perderem e envelhecerem no desfolhar do tempo, depois de a alma se desprender do fio que a liga ao mundo.