Mais um Inverno chegou, mais uma estável estação reduzida ao mínimo rigor de frio, chegou. Aparentemente, tremo de frio, por todos os lados, só de imaginar a sensação de dize-lo, aparentemente, tremo só de saber que daqui a quatro meses volta o tempo delicado, suave, terno, macio, vibrante, equilibrado, a primavera, mas, desde criança que sonho em acreditar que o inverno também tem os seus lados positivos, e tem.
Os dias em que te sentas no canto da cama, tremes, enroscas-te em mais uns quantos lençóis e ouves a chuva, e entre soluços de silêncio exagerado, pensas, pensas coisas que talvez nas outras estações não terias oportunidade de as repensas vezes sem conta. Os dias em que ouves a chuva lá fora, numa tarde de inverno que se entrelaça no teu corpo e arde a tua alma congelando os teus dedos, tu tentas descontrair, vendo mais vezes televisão, escrevendo mais vezes, lendo mais vezes, ouvindo mais vezes o que a alma repete todos os anos, mas tu esqueces. Os dias em que o teu coração tem oportunidade de se sentir só. Talvez os dias, em que ganhas os maiores medos de perder algo ou alguém. Os dias em que consegues usufruir de paisagens cheias de chuva, neve, trovoada, vento forte, coisas que se estiveres dentro de casa são inexplicavelmente bonitas de se ver, e passar para o papel o que se vê.
Acredito que as vezes fico com a sensação de não gostar do inverno, por ser tão parecido comigo, não?
Não, não me peçam para explicar tal frase, não tentarei explicar uma coisa que não sei porque a disse, não tentarei explicar uma frase que acho tão nostálgica e absurda como um pássaro a grasnar, não irei explicar uma frase que não a sabia de cor, só ele, o meu coração, a descobrir nós mínimos detalhes de um coração tão, não sei, o meu.
Seja Inverno, Verão, Outono ou Primavera, cada uma delas, é importante, e são estações inexplicavelmente, diferentes.
E de qualquer das formas:
-O tempo não para, cuida dele.