Areia em
cima de mim: cada vez mais, a pousar lentamente…tu, bem, eu, tento ignora-la
olhando para o lado, o lado que agora se apoderou da minha visão, que agora me
fez tentar decifrar o que se encontrava sobre as tábuas da praia que começaram
a ranger sucessivamente, como se a espessura de um corpo duro andasse sobre
elas; Sentia-me cega, mirando o invisível, na esperança de vir a ser
muda.
Um olhar
fixo, sem sorrir. Uma coragem medrosa, sem se entender. Deitada na praia
descobri-te então, reconheci-te então, encontrei-te então, senti então que não
estou só, mas que só estou, pois a minha lágrima final, ela voou, voou…deixando
os meus olhos clarear-se mais que o próprio mar, fixarem-se mais no nulo, no
invisível, em ti, do que o próprio sal nas ondas da maré, transparentes.
Oh bem, teu
que nunca foi meu, sim eu desejo-o, mas este só será meu quando eu me encontrar
a procurar-te e na esperança de um deslumbramento de volta eu não precise de te
encontrar...pois tu já o fizeras por mim.
Por agora,
que a areia continua a pousar lentamente sobre mim…