29.6.12

Para ti, que nunca te esqueceste de mim


 Areia em cima de mim: cada vez mais, a pousar lentamente…tu, bem, eu, tento ignora-la olhando para o lado, o lado que agora se apoderou da minha visão, que agora me fez tentar decifrar o que se encontrava sobre as tábuas da praia que começaram a ranger sucessivamente, como se a espessura de um corpo duro andasse sobre elas; Sentia-me cega, mirando o invisível, na esperança de vir a ser muda. 
Um olhar fixo, sem sorrir. Uma coragem medrosa, sem se entender. Deitada na praia descobri-te então, reconheci-te então, encontrei-te então, senti então que não estou só, mas que só estou, pois a minha lágrima final, ela voou, voou…deixando os meus olhos clarear-se mais que o próprio mar, fixarem-se mais no nulo, no invisível, em ti, do que o próprio sal nas ondas da maré, transparentes.
Oh bem, teu que nunca foi meu, sim eu desejo-o, mas este só será meu quando eu me encontrar a procurar-te e na esperança de um deslumbramento de volta eu não precise de te encontrar...pois tu já o fizeras por mim. 
Por agora, que a areia continua a pousar lentamente sobre mim…