12.2.12

És. Não foste, és, não serás, continuas a ser.

É imprevisível descobrir, que um dia normal na tua vida, pode se tornar no dia, dos dias.
De tantas curvas que por ali deste, de tantos traços que por ali marcaste, de tantas vezes que abusas da tua beleza orlada para satisfazer o teu improvável medo do ermo, a tua alma quer sempre ousar da estadia cá, em minhas palavras, e eu, continuo a querer-te cá, no canto do meu sorriso escárnio, para clarear e aumentar a minha risada, sem saber porquê, tendo a precisar de ti. 
Num temprano dia solarengo, aqueço as mãos no meio das almofadas cheias de penas, retraídas à solidão de um quarto escuro e frio elas, as mãos, tendem a ficarem com a cor rocha, e lá, junto as penas, a cor amansaria arrepiando o meu corpo inquieto. 
A chávena de café continua ali, lá, remota, retomada ao perigo do longe visto apenas pelos meus olhos, que se tornam cada vez mais brilhantes e esverdeados cada vez que a minha boca se descose e num lapise o fio que dela se dês tece, se desmancha, bate contra a chávena de café e faz com que o vapor que dela sai, o nada que dura pouco, se mexa e forme, não uma orla fumegante no ar, mas a orla vaporizada que parece voar pelo meu quarto numa silhueta bonita contra a minha janela, gasificando-a, permitindo-me escrever teu nome, nela, mas retraio-me e não escrevo. 
O nome que eu tenho receio de nunca vir a descobrir o que significa para mim, mas que na minha pura covardia já sei o que ele significa? é esse o nome, o nome que me faz retrair só de reformular ideias acerca dele. O teu nome. 
Retirando as mãos do meio do reconforto criado junto a elas, as penas, sinto o sangue descer-me até as mãos, inchando os meus dedos e fazendo-me inalar um cheio a carne fria, sangrenta, nauseando-me de ansiedade que, aquelas lágrimas que se escondiam por detrás dos olhos já rubros, não caíssem por aquele rosto viajante. As mãos tinham a cor rocha, novamente. 
 Criando um frio envergonhado até a espinha, tentei aproximar-me daquela chávena, mas a cada passo que dava o ar tendia a abrir-me cortes profundos nas mãos, mas eu não desistia! Lá, longe, era aquela chávena que me iria aquecer o coração, o coração que precisa de ti, mas que nunca te ira ouvir gritar o seu nome, pois tem medo de confessar que precisa de o ouvir. 
Aproximei-me cada vez mais, e já com sangue escorrendo pelos dedos fora trincava os lábios, mas vitoriosa toquei-lhe, enfadando-me de dor, mas quebrando essa repugnância bebendo um golo de café que aqueceu o meu coração, desfez o meu medo, conchegou a minha alma e ouviu os meus desabafos. 
As horas foram passando, o dia esmoreceu, a noite aproximou-se e o meu quarto foi escurecendo, e eu permaneci ali, pacificando a luz que entrava pelos rebordos da porta entre aberta do quanto, permaneci ali,  lá, longe, com a chávena entre os dedos, sentada no chão gelado do meu quarto, e por incrível que pareça, estava quente.