21.8.11

Puro coração



Estava ela sentada, no canto de um pequeno banco, olhando o mar, abismada com a beleza que ele subscrevia no seu pequeno coração. O mar tornara-o tão puro que nessa ocasião ela não pensava noutra coisa, não tinha noção do que se passava com ela, no entanto sentia a ansiá de um amor, sentia que amava. Amava, mas não sabia era se ainda amava, se começava a amar ou o que amava. 
Tinha um coração perdido, ela sabia disso, mas a uns meses atrás tinha combinado com ele, com o seu coração,  que se iriam aguentar, que acabaria.
Mas hoje, sentada olhando o mar, acabou por se perder na nostalgia que a uns meses atrás se tinha formado e não sabia o porque, o como, o sensato, o ocasional, não sabia o que se tinha apoderado de si.
Hoje, irritadiça, só sabia que, o mar era belo, e o seu sorriso poderoso? Parecia que se tinha apodrecido no meio de tanta beleza.

Via-se de uma forma tão fraca que não acreditava ser ela.
Quando olhou o céu e viu o por do sol, caminhou em direcção ao mar. Enquanto a areia lhe acariciava os pés, as suas lágrimas fraquejavam e tinham secado, enquanto caminhava em direcção ao mar, não sabia ao certo o que estava ali a fazer, mas caminhou...
Quando deu por si tocando o mar, entrou dentro de água e viu o sol entrando ao mesmo tempo, a cada passo que dava mais o sol se escondia. As ondas pareciam saltar-lhe, o rosto parecia estar a ser coberto a força, até que a certo momento ela deu a mão ao sol e caiu no meio do mar sobre uma das maiores ondas que lhe salpicavam a roupa entrelaçando-a cada vez mais ao corpo, até que, desapareceu no meio daquela imensidão de mar. E o sol tinha feito o mesmo, desaparecerá com ela, e decerto tinha chegado também a noite, ela abrirá o coração.
Sufocada pelas correntes ocasionais que quase a abatiam sobre as rochas levantou-se e saiu do mar, dando mais uma vez a mão ao sol. 
Naquele momento descobrira que sim, amava, não tinha reencontrado o coração, mas pelo menos sabia que o tinha colocado num sitio seguro.
Amava o natural, amava o sol, o mar, a natureza, o tempo, amava contemplar as verdades duras do seu coração, amava o seu sonho, amava o seu sorriso, aquele seu sorriso de coração. 
Toda encharcada e cheia de frio, sentou-se novamente no banco em frente ao mar, e nesse momento a praia vazia e estranha contemplou o seu primeiro sorriso. Enquanto isso, ela resolveu escrever, escrever o seu amor, escrever que amava. Nesse momento, sabia ou achava que não uma pessoa, mas sim a capacidade de ter olhos, nariz, boca, sorriso, pernas para viajar e lhe proporcionar o impossível possível  cabeça que lhe permitia satisfazer e lutar pelos seus sonhos e uns braços que ao longo do tempo se tornaram enormes para poder aconchegar nas horas boas e más seus amigos, conhecidos e quem sabe desconhecidos.