28.1.12

Tu, eu e os ventos, ou será, os ventos, eu e tu?

Lembro-me bem, ressoando na noite fria contra o meu chá escaldante, lembro-me de tudo…
Foste aquilo que eu algum dia nunca fui, conseguiste dizer-me aquilo que algum dia eu nunca disse, conseguiste mostrar-me aquilo que eu algum dia nunca vi nem senti, para ser mais sucinta entre curtas e melancólicas palavras, digo que, sinto que encaminhaste meu coração para o locar que mais temia…
Os ventos sopram, os ventos lá fora sopram, e a cada minuto que os oiço temo que eles penetrem por aquela janela quebrada, que os meus olhos tendem a ver, e a melodia que eles tentam encaixar em meus ouvidos, a melodia diária, tem se tornado mais viciante e desejada ao invés do que era, fria e serena, tal e qual como uma noite normal de inverno.
Antes, antecedente a esta passagem, antecedente a te ter conhecido, eles proclamaram ser-me fieis mas vejo-os asfixiar-me de compaixão colocando o meu coração acelerado, fazendo com que ele me doa, as veias se rebentem e a alma se feche mais…vejo-os mostrar-me um caminho, um caminho que queria que permanece-se fechado durante décadas e por onde eu tinha criado a ideia que até hoje rondavam lá espíritos, almas penosas, vidros quebrados e sujos, teias de aranha, poeira... Mas os ventos, os ventos mentiram-me, pois aquele lugar continuava a minha espera…